Equipe Gestora do CEGER

 Diretor-Professor Milson Aparecido -
Professora Majuriher Torres -
Coordenadora do Ensino Médio


Professora Bruna Felícia -
Coordenadora de turno
Professora Cássia Faria - 
Coordenadora Pedagógica









                                                 










Ciência descobre que a morte não existe, que “a alma não morre e sim retorna ao universo”



Cientista afirma ter descoberto que a morte não existe, que nossa alma nunca morre, apenas retorna ao universo
Um renomado cientista, afirma que o que acreditamos ser o fim da vida, quando uma pessoa perde todos os sinais vitais e é dada como morta, é um equivoco.
Segundo ele o que ocorre que nossas células guardam “memórias de nossa alma”. Ele também usou como base de sua pesquisa e explicou sobre o transe de pessoas que chegam a ser dadas como mortas e sobrevivem que geralmente é parecido.
“Se uma pessoa não resiste ao transe e morre, é possível que a informação quântica, exista fora do corpo como uma alma, talvez indefinidamente.” esclarece o físico britânico Roger Penrose.
 O cientista explicou ao jornal “Daily Express”, que após meses de pesquisas ele e sua equipe encontraram evidências de que dentre as proteínas armazenadas nas células, é armazenada uma informação chamada de “alma”.
Isso explica o que os fatos de experiência  “pós morte”, daqueles que voltam a vida, pois essa alma é expulsa quando nosso corpo morre, porém volta ao organismo caso o humano volte a vida.
Vários cientistas apoiam a ideia de que “o que acreditamos como aqui e agora, é apenas uma parte material de tudo que é compreensível para nós, enquanto a vida após a morte é uma realidade infinitamente maior”, disse Has Peter Durr, ex-presidente da Academia Alemã.
De acordo com ele o campo espiritual quântico sobrevive após a morte do corpo físico, e consideram esse fato como a imortalidade.
Já o biólogo alemão Christian Hellwig, pensamentos, emoções, e consciência, podem ser considerados espirituais porque não têm ligação direta com as forças da natureza, mas sim com os “Fenômenos do mundo quântico”.
Se todas as pesquisas se confirmarem, poderemos dizer que a alma tem uma vida que transcende ao que conhecemos por mortalidade.
As pesquisas a respeito seguem sendo aprofundadas.

Um minutinho, por favor! Conheça o tipo de "gente" que Bolsonaro homenageou em pleno parlamento


Sabe o Coronel Ustra, que o Jair Bolsonaro homenageou durante seu voto?!?!
Eram muitos homens. De um deles, Carlos Alberto Brilhante Ustra, levou um safanão. Caída, ouviu: “Foda-se, sua terrorista!”. Foi arrastada para a sala de tortura. Lá, arrancaram-lhe a roupa. Na cadeira do dragão, levou choques na vagina, ânus, seios, umbigo, ouvidos. Também foi colocada no pau-de-arara, submetida a sessões de palmatória, que esfolaram-lhe a pele. Na manhã seguinte, acordou nua, com um homem em cima de seu corpo, tentando estuprá-la.
 

Era Lourival Gaeta, que usava o codinome de “Mangabeira”. O mesmo torturador masturbou-se enquanto ela estava amarrada à cadeira do dragão. Ao ejacular, jogou o sêmen em cima de seu corpo. Enquanto era torturada, Ustra entrava na sala e gritava: “Essa terrorista tem que falar!!”.
.....
 

Sonia Maria Lopes de Moraes Angel Jones, de 27 anos de idade, foi sequestrada, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana, 25 anos, pelos agentes do DOI-Codi/SP, em novembro de 1973. Ambos foram assassinados. Sonia havia sido casada com Stuart Angel, também sequestrado, torturado, assassinado, cujo corpo nunca foi entregue aos seus familiares. Antes de ser assassinada, Sonia foi estuprada. O pai de Sonia Maria, tenente-coronel da reserva do Exército brasileiro e professor de matemática, João Luiz de Morais, denunciou seu assassinato sob torturas enquanto viveu.
 

Minha filha foi morta nas dependências do Exército Brasileiro, enquanto seu marido Stuart Angel foi morto nas dependências da Aeronáutica do Brasil. Tenho conhecimento de que, nas dependências do DOI-Codi do I Exército (SP), minha filha foi torturada durante 48 horas, culminando essas torturas com a introdução de um cassetete da Polícia do Exército em seus órgãos genitais, que provocou hemorragia.
 

Todas as investigações não confirmam exatamente a data da morte da Sonia, mas o atestado de óbito, feito a pedido do DOI-Codi/SP, informa que ela teria morrido em consequência de hemorragia interna por ferimento de arma de fogo, sem nenhuma referência aos sinais evidentes de tortura.
 

Informações dadas à Comissão Nacional da Verdade por testemunha ocular, cuja identidade é mantida em sigilo, indicam que Sonia estava deformada e ainda foi torturada com um rato introduzido em sua vagina. Os responsáveis pelas atrocidades vividas por Sonia, assim como sua morte, seriam o chefe de interrogatórios, Lourival Gaeta, 38 que atuava no DOI-Codi/SP, e os integrantes de sua equipe.

Fonte: Comissão Nacional da Verdade

14 FILMES SOBRE ESCRITORAS FAMOSAS QUE VÃO ‘DESOPILAR’ A SUA MENTE

Via Portal Raízes
Histórias reais quase sempre emocionam, e quando elas falam de escritoras e poetisas, as quais admiramos, parece que o fascínio se torna ainda maior. Em comum nessa lista de 14 filmes biográficos estão grandes mulheres que com poesia e prosa mudaram o mundo. Cada filme, com sua peculiaridade, é capaz de despertar em nós interesse, fascinação e até mesmo desapontamento, pois como leitores não cansamos de idealizar aquelas que um dia nos sussurraram aos ouvidos as mais belas palavras.
Os filmes abaixo são biográficos e têm como protagonistas grandes poetisas e escritoras. Espero que gostem da seleção!
1. As Irmãs Brontë / De André Techiné, França, 1979
Esse filme é o quarto do diretor Techiné e inesperadamente foi relançado em 2014 em DVD no Brasil. O enredo se passa em Yorkshire, na Inglaterra do século XIX, e fala da vida das três irmãs escritoras Brontë, Charlotte (Marie-France Pisier), Emily (Isabelle Adjani) e Anne (Isabelle Huppert), que apesar de terem morrido jovens e de terem vivido bastante reclusas, se tornaram ícones da literatura mundial. No filme também aparece o irmão pintor das escritoras, que possivelmente serviu de inspiração para elas em muitos momentos.
2. Entre Dois Amores / De Sydney Pollack, EUA, 1985
Com uma interpretação maravilhosa de Meryl Streep e de Robert Redford e com uma fotografia e enredo primorosos, é um achado na Netflix. Baseado na história real da escritora dinamarquesa Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke, o filme se passa no começo do século vinte e retrata uma mulher muito à frente de seu tempo que por causa de um casamento por conveniência parte para a África e lá encontra o verdadeiro amor. O livro da escritora intitulado Out Of Africa, deu embasamento para o filme. No Brasil podemos encontrar o livroSombras na Relva, de Dinesen, no qual ela conta sobre a vida, amores e a fazenda no Quênia.
3. Henry & June – Delírios Eróticos / De Philip Kaufman, Reino Unido, 1990
Esse filme é tremendamente erótico, sedutor e com ótimas interpretações, com destaque para a atriz Maria de Medeiros que interpreta Anaïs Nin. O enredo é tecido tendo como base os escritos de Anaïs em extensos diários bastante detalhados – podemos encontrar o livro da autora, intitulado Henry & June, disponível no Brasil. Recheado de erotismo, o diretor Philip Kaufman conseguiu traduzir cenas sensuais e sexuais sem deixá-las vulgares, pelo contrário. O filme se passa em Paris, no início da década de 30, época na qual o escritor Henry Miller (Fred Word) forma um triângulo amoroso com sua mulher June (Uma Thurman) e com Anaïs Nin (Maria de Medeiros). Anaïs se envolve tanto com o escritor quanto com a esposa dele, enquanto vive uma relação desinteressada com o marido.
4. O Círculo do Vício / De Alan Rudolph, EUA, 1994
Esse filme se passa em meados de 1920 e conta a história da escritora e poetisa norte-americana Dorothy Parker (Jennifer Jason Leigh). Com um físico pequeno, Dorothy não levava desaforos para casa. Com suas frases ácidas e ar destemido se tornou uma das figuras mais importantes, espirituosas e comentadas da América entre os anos 20 e 30. No filme a escritora relembra os tempos em que pertencia ao grupo Algonquin Round Table, formado por amigos escritores de Nova York. Entre festas, romances e amizades com os escritores, Dorothy passa por alcoolismo, comportamento autodestrutivo e tentativa de suicídio. Destaque para a atuação elogiada de Jennifer Jason Leigh e para os diversos atores famosos que aparecem em pontas. No Brasil há um único livro da escritora lançado; uma coletânea de contos intitulada Big Loira.
5. Iris / De Richard Eyre, EUA – Reino Unido, 2001
A história de amor entre a escritora inglesa Iris Murdoch e seu marido, John Bailey, também escritor e professor de literatura inglesa, com quem viveu quase 50 anos, é contada em duas épocas distintas: na juventude, quando eles se conheceram, e na velhice, quando Iris sofre do mal de Alzheimer. O filme é interpretado por Kate Winslet (na fase jovem de Iris) e Judi Dench (nos derradeiros dias da escritora). Baseado em dois livros de Bailey (A Memoir eElegy for Iris), o filme acompanha a agonia de Iris a partir da descoberta acidental da doença, pouco antes dela concluir o seu último romance em 1995. No Brasil podemos encontrar o livro da escritora intitulado A Soberania do Bem, dentre outros.
6. As Horas / De Stephen Daldry, EUA – Reino Unido, 2002
Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro “Mrs. Dalloway”. Em 1923 vive a escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e idéias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo. O filme é inspirado em um livro de mesmo nome escrito por Michael Cunningham e é muito bem dirigido por Daldry. Amada e odiada, a película divide opiniões, mas é uma ótima oportunidade para se deliciar com a interpretação de Nicole Kidman como Virginia Woolf.
7. Sylvia – Paixão Além das Palavras / De: Christine Jeffs, Reino Unido, 2003
Esse filme é uma biografia encantadora da poetisa, romancista e contista norte-americana Sylvia Plath. Interpretada com maestria por Gwyneth Paltrow, a personagem mostra uma Sylvia sensível e loucamente apaixonada por Ted Hughes, poeta de quem foi esposa e com quem teve dois filhos. Um passado conturbado, um presente incerto e um futuro nebuloso marcaram a história dessa mulher apaixonada e sensível. Um filme memorável que mostra um belo panorama da vida conjugal de Sylvia e de como o ciúme, a infidelidade e inúmeras incertezas minaram as expectativas dela com relação à vida. Pode ser encontrado na internet em espanhol, contudo com a possibilidade de legendas em português.
8. Miss Potter / De Chris Noonan, EUA – Reino Unido, 2006
Beatrix Potter foi um verdadeiro fenômeno da literatura no início do século XX. Ela criou uma série de livros e personagens infantis que são amados até os dias atuais. Peter Rabbit é um ótimo exemplo disso. No filme Beatrix é interpretada por Renée Zellweger, antes da plástica facial. Há flashbacks da infância, registros da aristocracia inglesa que definiram a personalidade introspectiva de Beatrix, mas o filme é concentrado no início e no rápido ápice da vida literária da escritora. O foco principal de Noonan não é alimentar conflitos, mas embelezar a arte de Beatrix com muita doçura. Para isso o diretor mesclou a filmagem tradicional com a animação dos desenhos da escritora. Um filme para toda a família que pode ser encontrado facilmente na internet.
9. Amor e Inocência / De Julian Jarrold, EUA – Reino Unido, 2007
Esse filme lindo e delicado conta a história da escritora Jane Austen. Na sociedade inglesa de 1795, os pais de Austen querem casa-la com um rico sobrinho. Mas Jane (Anne Hathaway) quer se casar por amor. E é nesse momento que ela conhece o irlandês Tom Lefroy (James McAvoy), um estudante de direito em visita ao campo. O elenco de atores ingleses é excelente, o figurino, fotografia e trilha sonora também se destacam. E o final é belíssimo. O filme pode ser encontrado facilmente na internet e Netflix.
10. Miss Austen Regrets / De Jeremy Lovering, Reino Unido, 2008
Esse filme tem como foco os últimos anos da vida de Jane Austen que morreu em 1817, aos 41 anos, e nos apresenta um período da vida da autora diferente daquele do filme Amor e Inocência. O roteiro, baseado nas correspondências entre Jane, sua irmã Cassandra e sua sobrinha Fanny, fala sobre a decisão de Austen de permanecer solteira, as chances que teve de se casar e de como ajudou sua sobrinha Fanny a encontrar um marido. Também vemos nele um pouco sobre a luta para conseguir publicar seus livros e a oposição sofrida dentro da família. A produção do filme é ótima e a fotografia é maravilhosa o que resulta em cenas belíssimas. No Brasil o filme foi lançado pela BBC em um pack juntamente com o filmeRazão e Sensibilidade.
11. Enid / De James Hawes, Reino Unido – Irlanda, 2009
Ainda criança, na era Eduardiana na Inglaterra, a escritora Enid Blyton começa a contar estórias para seus irmãos. Após a I Guerra Mundial, enquanto estudava para ser professora, ela manda seus escritos para vários editores e um deles, Hugh Pollock, não só os aceita, como se casa com ela. Enquanto milhares de crianças a adoram, ela é uma mãe e esposa extremamente fria e manipuladora. Com a separação do primeiro marido ela se casa com Kenneth Waters. Após a II Guerra Mundial, ela é uma escritora popular, amada pelas crianças, contudo muito diferente do que qualquer uma delas pode sequer imaginar. Em 43 anos de trabalho Enid Blyton escreveu mais de 700 livros, tendo vendido até hoje mais de 600 milhões de cópias. Morreu em 1968 com demência. Helena Bonham Carter é quem interpreta Enid Blyton no filme e está primorosa no papel. O filme Enid pode ser encontrado facilmente na internet e seus livros são vendidos no mundo todo ainda hoje, inclusive no Brasil.
12. Borboletas Negras / De Paula von der Oest, Alemanha, Africa do Sul, Holanda, 2011
Borboletas Negras, dirigido por Paula von der Oest, conta a história de Ingrid Jonker (interpretada por Carice van Houten), escritora sul-africana que viveu na época do Apartheid. Tornou-se conhecida quando Nelson Mandela leu o poema “A Criança que foi Assassinada pelos Soldados de Nyanga”, no seu primeiro discurso como presidente da África do Sul. Ingrid Jonker nasceu em 19 de setembro de 1933, e residia na cidade do Cabo. A vida da poetisa foi marcada pela difícil relação com o pai, Abraham Jonker, que não reconhecia o talento literário dela e a rejeitava. Casou-se, em 1956, com Pieter Venter, e teve uma filha chamada Simone. Porém, logo se divorciou e passou a se envolver com outros homens. Dentre eles, os escritores Jack Cope e André P. Brink. O primeiro é mostrado, no filme, como o grande amor da vida da poetisa. Jonker começou a escrever poemas aos seis anos de idade e o fazia no idioma Afrikaans. O filme é de uma densidade e intensidade incrível e mostra como uma alma sensível pode ser abalada irremediavelmente pelas agruras da vida. Pode ser encontrado na internet.
13. Flores Raras / De Bruno Barreto, Brasil, 2012
Eu preciso confessar que esse filme foi uma boa surpresa que me caiu no colo durante uma viagem daquelas nas quais a TV só sintoniza alguns poucos canais. Ambientado no Brasil dos anos 50, o filme conta a história do relacionamento entre a poetisa norte‐americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Extremamente rico e, ao mesmo tempo, bastante conturbado, esse relacionamento rendeu bons frutos: o auge da poesia de Bishop e a construção do Aterro do Flamengo, obra arquitetônica mundialmente conhecida de Lota. O filme é de uma delicadeza sem fim e os créditos vão para a interpretação de Glória Pires como a arquiteta brasileira, com um inglês fluente e atuação bastante convincente.
14. Florbela / De Vicente Alves do Ó, Portugal, 2012
A famosa poetisa Florbela Espanca (1894 – 1930) vive em Portugal na época do fim da Primeira República. Depois de uma separação traumática, ela aceita se casar para encontrar estabilidade e ter paz para escrever. Mas ela logo fica entediada e, após receber uma carta do irmão, vai correndo encontrá-lo em Lisboa, procurando inspiração e proximidade do círculo literário da capital. Ela vive com intensidade o estilo de vida urbano e embora o marido tente trazê-la de volta, e o irmão seja obrigado a partir, Florbela sente que encontrou seu lugar. Na cidade surge a inspiração para os seus maiores poemas. Tendo um pai que não a reconheceu em vida, um amor exacerbado pelo irmão, três casamentos, dois abortos e três tentativas de suicídio, sua história por si só é perturbadora. Um filme amado e detestado na mesma medida, contudo válido, com uma atuação convincente de Dalila Carmo como Florbela. O filme pode ser facilmente encontrado na internet.

OS 15 TRECHOS MAIS BELOS DA HISTÓRIA DA LITERATURA


Perguntamos aos leitores, seguidores do Facebook e Twitter: qual o seu trecho de livro favorito. Mais de 2 mil participantes responderam a enquete. A partir da opinião dos convidados, sintetizamos a lista reunindo os 15 trechos mais citados. Os trechos estão classificados de acordo com o número de citações que obtiveram. Gabriel García Márquez foi o único autor que teve dois trechos entre os mais citados. O resultado não pretende ser abrangente ou definitivo e corresponde apenas à opinião das pessoas consultadas.

Via Revista Bula

O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry

Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, cons­truídas à margem de um rio de águas diá­fanas que se precipitavam por um lei­to de pedras polidas, brancas e enor­mes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.
Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias.

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna deve estar necessitando de uma esposa.

Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos

Matar não quer dizer a gente pegar revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.

O Diário de Anne Frank, de Anne Frank

É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração.

O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger

O cara da Marinha e eu dissemos que tinha sido um prazer conhecer um ao outro. Esse é um troço que me deixa maluco. Estou sempre dizendo: ‘Muito prazer em conhecê-lo’ para alguém que não tenho nenhum prazer em conhecer. Mas a gente tem que fazer essas coisas para seguir vivendo.

Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe

É uma coisa bastante uniforme a espécie humana. Boa parte dela passa seus dias trabalhando para viver, e o poucochinho de tempo livre que lhe resta pesa-lhe tanto que busca todos os meios possíveis para livrar-se dele. Oh, destino dos homens!

O Encontro Marcado, de Fernando Sabino

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.

Demian, de Hermann Hesse

Não creio que se possam considerar homens todos esses bípedes que caminham pelas ruas, simplesmente porque andam eretos ou levem nove meses para vir à luz. Sabes muito bem que muitos deles não passam de peixes ou de ovelhas, vermes ou sanguessugas, formigas ou vespas.

Lolita, de Vladimir Nabokov

Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta. Pela manhã ela era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calçando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores sobre a linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita.

A Revolução dos Bichos, de George Orwell

Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todos iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir, quem era homem, quem era porco.

On The Road, de Jack Kerouac

Assim, na América, quando o sol se põe, eu me sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de Nova Jersey, e consigo sentir toda aquela terra crua e rude se derramando numa única, inacreditável e elevada vastidão, até a costa oeste, e a estrada seguindo em frente, todas as pessoas sonhando naquela imensidão, e em Iowa eu sei que agora as crianças devem estar chorando na terra onde deixam as crianças chorar, e você não sabe que Deus é a Ursa Maior? A estrela do entardecer deve estar morrendo e irradiando sua pálida cintilância sobre a pradaria, reluzindo pela última vez antes da chegada da noite completa, que abençoa a terra, escurece todos os rios, recobre os picos e oculta a última praia, e ninguém, ninguém sabe o que vai acontecer a qualquer pessoa, além dos desamparados andrajos da velhice.

Carta a D., de André Gorz

Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.

Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle

Eu sou um cérebro, Watson. O resto é mero apêndice.

"Saúde mental", uma sábia reflexão de Rubem Alves

Via Portal Raízes
Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.
Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.
Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as ideias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa…
Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como Van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com exceção do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.
Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais – símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.
Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.
A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.
Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.
Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas ideias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.
(Provavelmente escrito em 1994)

“Quando os filhos voam”, por Rubem Alves


Texto de Rubem Alves via Revista Pazes em 16/01/2016

Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira…

Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…

Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o vôo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem…

Desde o nascimento de nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar. Nem sempre percebemos que esses momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.

Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. É o grito da independência, a força da vida em movimento, o poder do tempo que tudo transforma.

É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar de insistirmos em ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência de conquistar o mundo longe de nós.

É chegado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar à distância, comemorar vitórias das quais não participamos diretamente, apoiar decisões que caminham para longe. Isso é amor.

Muitas vezes, confundimos amor com dependência. Sentimos erroneamente que se nossos filhos voarem livres não nos amarão mais. Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis. Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados.

Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos. Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. Temos tanta certeza de que sabemos mais do que eles, que o porto seguro vira uma âncora que impede-os de navegar nas ondas de seu próprio destino.

Muitas vezes confundimos amor com apego. Ansiamos por congelar o tempo que tudo transforma. Ficamos grudados no medo de perder, evitando assim o fluxo natural da vida. Respiramos menos, pois não cabem em nosso corpo os ventos da mudança.

Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.

Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase.

Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso descanso e nossa fé, porque ele é eterno.
Aprendo que existe uma criança em mim que ao ver meus filhos crescidos, se assustam por não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que imprescindível.

Aprendo que é preciso ter coragem para voar e deixar voar. E não há estrada mais bela do que essa.

Rubem Alves (1933 a 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros religiosos, educacionais , existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação e intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil.

Se alimentarmos as crianças com amor, os medos morrerão de fome


Via ContiOutra em 09/12/2015

O mais interessante de assumir a educação emocional das nossas crianças é que através dela alteramos a química dos seus cérebros, ou seja, estamos oferecendo a elas a possibilidade de controlar a sua biologia.

A influência negativa e penetrante dos meios de comunicação, as práticas educativas pouco acertadas e a falta de respeito nas escolas ou na sociedade estão diminuindo as capacidades emocionais das nossas crianças.

Podemos aceitar que é inevitável que certos tipos de mudanças sociais aconteçam, mas o que temos em nossas mãos são ferramentas para potencializar sua saúde emocional.

O que podemos fazer? É muito simples, vejamos…


Que um sorriso lhe sirva de guarda-chuva

Sabendo que a serotonina é o hormônio principal na regulação do nosso humor, podemos ajudar o nosso cérebro a produzi-la de uma maneira natural. Para regular seus níveis no organismo basta manter uma dieta saudável, dormir uma quantidade adequada de horas todas as noites e fazer exercícios regularmente.

Ou seja, para termos uma correta saúde emocional devemos implementar estes hábitos em nossas vidas diárias. Dessa maneira, vamos conseguir que nosso cérebro se encontre nas condições ideais para evitar as sobrecargas de energia que surgem do estresse e dos medos.

Cabe apontar, como curiosidade, que pesquisadores renomados afirmam que pedir que as nossas crianças sorriam e dizer a elas que as coisas irão melhorar é verdadeiramente útil. De fato, os seres humanos podem equilibrar os níveis de serotonina com um simples sorriso.

Quando sorrimos, nossos músculos faciais se contraem, o que faz com que diminua o fluxo sanguíneo dos vasos próximos a eles. Isso, por sua vez, faz com que o sangue esfrie, e por isso se reduz a temperatura do córtex cerebral, o que gera, como consequência, a produção de serotonina.


Brincar é o trabalho das crianças

O que comentamos até agora deve confirmar a ideia de que as pequenas coisas são muito importantes. Se há uma forma através da qual podemos articular a aprendizagem emocional infantil é através da brincadeira.

A melhor forma de ensinar a elas habilidades que as permitam administrar suas emoções é através das brincadeiras, pois conseguiremos brindar a elas a oportunidade de aprender e de praticar novas maneiras de sentir, de pensar e de agir.

Além disso, podemos nos converter em parte integral do processo de aprendizagem emocional de uma maneira tremendamente eficiente. De fato, depois de introduzirmos uma dinâmica atrativa, a curiosidade e a repetição que as crianças possuem e solicitam farão o resto do trabalho.

Por exemplo, quando um menino ou menina enfrenta um medo, é bom ajudá-los para que se sintam identificados com um personagem de ficção que admirem. Dessa maneira, podemos brincar com eles imaginando o que fariam se estivessem no lugar do seu ídolo.

Se articularmos uma série de brincadeiras desse tipo ou de outros, como as marionetes, o relaxamento ou a exploração corporal, conseguiremos que as crianças adquiram as habilidades necessárias para administrar suas emoções.

Isso também contribuirá para que elas desenvolvam o autoconhecimento, que estimulará seu interesse por trabalhar aspectos cuja complexidade ainda não é compreendida. Graças a isso fomentaremos o desenvolvimento de uma autoestima saudável apoiada no respeito por si mesmo.


Chaves para aumentar as habilidades emocionais das crianças

Como já dissemos anteriormente, às vezes é muito simples conseguir que nossas crianças cresçam de maneira equilibrada.Basta alimentá-los com amor para que seus medos e seus problemas emocionais morram de fome.
Vejamos a seguir como podemos fazer isso em 3 simples passos…

1. Oferecer um lar, um lugar no qual se sintam protegidas e abrigadas
Um lar é criado a partir das emoções das pessoas que o compõem. As centenas de brinquedos em seus quartos não servem para nada se não compartilharmos com eles nosso amor através de gestos de carinho e de cuidado.

2. Falar com elas de maneira carinhosa
Quando as crianças fazem alguma coisa errada ou se comportam de maneira agressiva estamos acostumados a empregar estratégias de rejeição. Alguns exemplos são dizer “Não te amo mais” ou “Você é muito malvado”. Entretanto, desta maneira elas não irão entender que o que está errado é o que fizeram, e não o seu valor próprio.

Por essa razão, as mensagens que devemos transmitir a elas são do tipo “Não está certo o que você fez”. Assim, não iremos diminuir a sua autoestima nem colocar em dúvida nossos sentimentos por elas.

3. Dar a elas o nosso tempo, nosso interesse e o desejo de aproveitar os desafios que nos propõem

O que nossas crianças enxergam em nós, para elas, não está presente em mais ninguém. Por isso, é indispensável dedicar nosso tempo e nosso interesse genuíno a elas, e oferecer uma visão do seu mundo de maneira amorosa e incondicional.

Texto original em espanhol de Raquel Aldana.

Fonte: A Mente é Maravilhosa

Mais amor, por favor- Márcia Tiburi


















Por Márcia Tiburi via Revista Cult

Uma palavra e um gesto anacrônicos


Dizer amor em tempos de ódio é um gesto anacrônico. Um gesto inatual, fora de época. Portanto, um gesto que pode causar vergonha ou pelo menos inibição em quem se preocupa com a relação entre discurso e ação.
É o sentimento de inadequação diante da expressão do amor que está muito mais presente em nossas vidas atualmente. Quantas vezes não recuamos do desejo de manifestar amor por não saber como sua expressão pode ser recebida? Quantas vezes não o controlamos dentro de nós mesmos por achar que o amor não faz sentido? Pensar assim é inevitável quando todos nós estamos confusos com o que chamamos de amor porque a delicada planta do amor não anda tendo espaço para crescer nesse mundo em que a cultura do ódio avança tão rapidamente quanto o desmatamento da Floresta Amazônica, quanto a indústria bélica, o consumismo, os latifúndios, a economia dos ricos cada vez mais ricos, o autoritarismo…
Para bom entendedor, meia palavra basta, mas ela não tem sido a palavra amor. Quem diz amor se sente fora dos jogos de linguagem do nosso tempo. Isso quer dizer que a palavra e a coisa estão ligadas ao nível da ação, quem fala faz ou finge que faz. Por isso, também é possível falar amor da boca pra fora, como se pode dizer, correspondendo assim ao aniquilamento do amor por esvaziamento, algo tão desejável em nossa época que elogia a palavra amor apenas quando ela é transformada em balão de ar.
Fácil acabar com o amor quando o transformamos em um efêmero sopro de voz. “Fragmentos de um discurso Amoroso” de Roland Barthes talvez nos ajude a pensar nisso quando se propõe a ser mais a enunciação do amor do que um livro de análise sobre o amor. Talvez que o autor de um discurso amoroso que ande por aí não deva se calar, mas inevitavelmente terá que rever o que diz para poder expressar aquela parte do amor que não pode ser dita e que é a única que vale a pena dizer. (Quando vejo o livro de Barthes nas mãos de gente jovem, sei que estão apaixonados pela primeira vez e o leem porque o amor é algo tão estranho que precisa ser estudado para ser suportado…).
Nosso tempo se contenta com o efêmero sopro de voz e condena à morte a substância delicada e ao mesmo tempo densa que está contida no amor. Amor é, afinal, o nome de alguma coisa que deveria ser pronunciada com muito cuidado. Pois que se mata um Deus quando se diz o seu nome em vão. E é por isso mesmo que dizer “amor” hoje, quando se pode dizê-lo honestamente, porque seria bom que ele existisse, e não apenas porque se acredita que ele exista, pode ser um ato de redenção (naquele absurdo sentido de que podemos praticar o gesto impossível de salvar até mesmo os mortos da injustiça…). E, como tal, um ato de revolução, no seu sentido concreto, aquele ato que nos conecta com a tradição dos oprimidos de que falava alguém como Benjamin, um filósofo que, em um tempo sombrio que ainda é o nosso, lançou luzes no fim de um túnel sem fim…
O amor é histórico


O amor tornou-se a palavra que facilmente acoberta seu próprio contrário. Teríamos que fazer sua anamnese, lembrando que o amor é histórico, que é uma ideia tão boa quando perigosa. Remédio e veneno ao mesmo tempo. Talvez não exista palavra mais contraditória ou mais astuciosa para garantir desvios necessários: os que falam em nome do amor muitas vezes o falsificam com seu próprio nome. O ódio infelizmente é sempre verdadeiro.
A palavra, como toda palavra carregada de uma beleza ideal, pode servir para acobertar seu contrário. Mas isso apenas quando o amor virou peça retórica como se faz com outras palavras. Prestemos atenção em como os autoritários adoram a palavra democracia, como os violentos usam cinicamente a palavra paz…
Mas quem fala do amor também pode estar, de algum modo, fora da ordem seja por adocicá-lo no sentimentalismo publicitário que vende coisas por meio de sensações e simulacões de sentimentos, seja por intensificá-lo na paixão amorosa possessiva e cruel que leva a crimes, a maldades de todo tipo que amantes praticam uns contra os outros. Lembremos que o amor romântico até hoje fez muitas vítimas porque, por mais belo e aconchegante que possa ser, ele sempre teve um preço. As mulheres sempre o pagaram enquanto foram, com seu próprio corpo, alma e ação, ao mesmo tempo, a moeda. O amor romântico estabeleceu-se a partir de raízes intimamente ligadas à misoginia. Mas lembremos ainda que pais e filhos também praticam muito desamor sob a cortina de fumaça da palavra amor. O amor, se não for mediado por algo que poderíamos chamar de “reflexão amorosa”, um estado de constante reflexão ética sobre o que fazemos em seu nome, é um grande perigo na vida das pessoas, pois se presta a toda forma de engodo.
Eu te amo
Fato é que a palavra ficou gasta em meio a tantas contradições e não podemos mais pronunciá-la honestamente. Quem hoje em dia pode dizer “eu te amo” sinceramente e não desconfiar de um cinismo que não se deixa medir? O amor virou uma mercadoria das mais baratas no mercado das relações humanas. Poetas honestos não tem mais coragem de usá-la. Do mesmo modo, amantes honestos, paradoxalmente, não se comprometem mais com ela. Os escolados na falsidade diária dos relacionamentos sabem que “eu te amo” é sinal de alerta para a mentira. A expressão gastou-se sem que tenha atingido sua própria verdade e serve para colocar o vazio do eu, sua inexpressão repetitiva, em cena. Ao dizer eu te amo, acreditamos que fazemos alguma coisa importante. Emitimos um conteúdo. Mas será mesmo?
Por isso, talvez seja bem mais honesto dar lugar entre nós a outros sentimentos menos pretensiosos como, por exemplo, o respeito. A justiça que se assemelha ao amor por sua condição de impossibilidade talvez seja muito menos impossível e faça mais sentido.
Talvez que, ao usar menos o termo amor, atualizando-o com menos eloquência por meio de outras palavras, estejamos praticando mais amor.
O amor é a descoberta do outro
E ainda assim o amor não pode ser jogado fora. Embora se trate, no seu caso, de algo de fato impossível, a antecipação prática desse ideal melhora o mundo. Torna esse mundo menos inóspito, menos cruel. O amor é assim um gesto negativo da ordem injusta do mundo. Talvez fosse essa a mensagem contida há tanto tempo no diálogo de Platão chamado O Banquete no qual vários filósofos e homens do seu tempo discutem o amor sem que nenhum deles consiga atingir uma definição perfeita. As mulheres não estavam ali não apenas pela habitual misoginia dos filosófos, mas porque o amor também não estava ali e os homens ali presentes não eram capazes de entrar em contato com essa grande figura da alteridade representada pelas mulheres e pelo amor. Sócrates é quem chama à memória a explicação de Diotima, uma sacerdotisa, ou seja, alguém que entra em contato com um deus, quem não poderia estar entre os meros mortais. O amor surgia nas palavras de Diotima como o desejo de alguma coisa que não estava presente, algo outro, algo que não estava jamais expresso e que nos chamaria para fora da experiência habitual. Levando a sério o que disse Diotima, o amor seria irrepresentável. E Sócrates sabia disso.
O que quer dizer que nunca estamos falando de amor quando falamos de amor. O que vale então para os pobres mortais é o desejo de amor. É o amor que queremos.
Ora o que é o amor senão o desafio da alteridade? Seja político, ético ou estético, esse desafio é o do encontro com o que não somos, com o estranho, com o que não se submete à nossa compreensão limitada, com o que não estamos acostumados. Certamente não pensamos que o amor seja hoje um desafio em sentido algum e é mais certo ainda que para este desafio não possamos nos preparar, pois não há mais tempo reservado para algo tão inútil. Não é assim que pensamos?
Pois é assim que, devorados pelo ódio que está na base do utilitarismo, o amor acaba.
Amour
Por isso, penso muito mais nas “provas do amor” do que nas palavras do amor. Para salvar o amor teríamos que dar provas e essas provas hoje são políticas e éticas, são provas que envolvem nossa razão e nossa emoção, provas que, pela ação, pudessem nos salvar de nosso caos cognitivo e afetivo.

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Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant em cena de Amour de M. Haneke

Essas provas precisariam ser concretamente amorosas. Precisariam ser mais do que discurso, mais do que palavras ao vento como folhas de uma árvore morta que demoramos a perceber que morreu.
Lembro de Amour, o filme de Michael Haneke que assisti em 2012. Depois desse filme fui ao cinema poucas vezes. Por meses tentei juntar os cacos da razão e da emoção que tinham sobrado da experiência. O filme de Haneke expressa muitas questões fundamentais sobre o amor, fala do amor, é o amor. Mas há uma questão bem simples e séria que nos servirá pra sempre: o amor nunca será fácil e provavelmente nunca combinará com o mundo que se entende com as coisas fáceis.

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