Por Bolchê
Eu poderia começar dizendo: Que saudades sinto dos bailes de carnaval com marchinhas como ALLAH-LÁ-Ô (Haroldo Lobo); AURORA (Mário Lago); ABRE ALAS (Chiquinha Gonzaga); Ô BALANCÊ (Braguinha-Alberto Ribeiro); MAMÃE EU QUERO (Jararaca-Vicente Paiva); ME DÁ UM DINHEIRO AÍ (Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira); CACHAÇA (Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato); A JARDINEIRA (Benedito Lacerda-Humberto Porto) e por aí vai...
Mas nesse caso, eu entregaria minha idade guardada a sete chaves, (ingenuidade a minha). Bem, não sei se estou ficando velho, mas me lembro muito bem das matinês de carnaval nos barracões dos Abrão, alguns, no conhecido salão de festas da prefeitura. Era muito diferente. Havia o lúdico, a diversão na sua tradução mais ingênua e sóbria. Mas os tempos eram outros. O sóbrio, bem, o sóbrio é apenas um conceito permeado de vários outros conceitos.
O que sei, é que o carnaval de salão ao som das mais contagiantes marchinhas, era, talvez, nossa primeira experiência com os cheiros, movimentos, olhares, toques de mãos, suor, etc., carregados de sensualidades e, com as quais, nem estávamos acostumados. Mas dava pra sentir, mesmo na ausência dos lança-perfumes que, por não conhecer, nem poderia achar algum cheiro estranho no ar, que havia cheiro de "coisas boas".
Não. Há anos não vou a carnavais. Não por alguma forma de saudosismo ou preconceitos. Apenas não gosto mais. Não gosto das músicas, não gosto do apelo comercial, nem da altíssima densidade demográfica das folias de hoje. Deveriam ter continuado a ser regados com marchinhas e cubalibre? Não! Penso apenas que deveria ter evoluído.
Quem vai pra brincar - como dizíamos "antigamente" - e quem vai pra brigar, matar, morrer e fazer a festa dos traficantes das mais diferentes drogas que nos fazem achar lúdico o quase inocente lança-perfume?
Na minha pequena cidade, o carnaval nunca "vingou". Já tentaram, mas os "nativos" gostam do carnaval ao lado. Não sei. Acho que apenas na fase mais inocente e de entretenimento do evento, estar aqui, ali ou acolá não fazia diferença. Hoje, a cidade fica deserta. Só ficam aqueles, pra quem o carnaval é como um evento qualquer que proporciona o reencontro com familiares e amigos em feriados prolongados ou para os que gostam de uma folia mais íntima.
Um amigo meu dizia: O carnaval aqui nunca vai dar certo! Por quê? Porque as pessoas se sentem mais à vontade pra se libertarem longe da cozinha de casa. Ou seja, é bem mais prazeroso abrir as asas, soltar as feras e cair na gandaia longe dos olhares fiscalizadores e censores dos nossos parentes e amigos mais conservadores e moralistas.
Então, isso me lembrou uma música marcante que foi um grande sucesso no final dos anos 70.
Curtam!!!
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