Um
dia, a americana Lizzie Velasquez, como
toda típica adolescente
de 17 anos, afastou com preguiça os cadernos com o dever de casa e entrou na
internet, para assistir a clipes musicais.
Encontrou um vídeo intitulado A mulher mais feia do mundo, e como
qualquer ser humano ficou curiosa e clicou para descobrir do que se tratava.
Foi então que, de espectadora, Lizzie Velasquez tornou-se protagonista de uma
história de ignorância e intolerância que vão além de qualquer compreensão.
Lizzie
Velasquez descobriu que o vídeo de oito segundos, e que até aquele momento
tivera 4 milhões de acessos, era sobre ela. Sim, era ela a mulher mais feia do
mundo.
Lizzie
Velasquez, que atualmente tem 26 anos, mede 1,57m e pesa 27kg, nasceu com duas
condições raras: a síndrome de Marfan, uma doença do tecido conjuntivo
(responsável pelo fortalecimento das estruturas do corpo) que afeta vários
órgãos, causada por mutação genética, e descrita pela primeira vez em 1896 pelo
pediatra francês
Antoine Marfan; e lipodistrofia, que acarreta perda de gordura
na face, braços e pernas. Além de sofrer
muitos problemas de saúde, ela tem pouca energia, mas apenas fisicamente.
Filha
de pais afetuosos, que nunca lamentaram sua condição, amando-a
incondicionalmente, e que contribuíram para o desenvolvimento de sua
resiliência, Lizzie Velasquez teve força psíquica sobre-humana para lutar,
desde que nasceu, contra a estupidez.
Vítima de bullying na infância, ela faz campanha pela aprovação de uma lei
federal antibullying, que levaria à obrigatoriedade do registro de casos pelas
escolas, que receberiam recursos para combater essa prática.
Lizzie
Velasquez é mais um exemplo do que o mal que a cultura do superficial é capaz.
A banalização dos sentimentos, próprios e alheios, que leva a uma arrogância
vazia, que investe o sujeito de um falso direito de julgar baseado em
aparência, conceito subjetivo e sem qualquer importância, construído e imposto
por e para uma sociedade que se necessita infantilizada e pouco crítica.
Sim,
porque enquanto algumas pessoas se ocupam do espelho, as Lizzie Velasquez espalhadas pelo mundo cuidam do que é
realmente importante.
Que
os agressores sejam responsabilizados por seus atos, e as vítimas desses tempos
de valores rasos reajam.
Mas a reação não significa revanche, e sim a afirmação
do direito de cada um ser o que é. Só haverá mudança quando, em lugar de lutar
contra o corpo, torturando-o para alcançar um modelo que não lhe pertence, pois
cada um tem seu biotipo, se questionar os padrões de beleza vigentes.
Quando, ao
invés de recorrer apenas a dietas, academias e tratamentos estéticos, se investir
no autoconhecimento, na autoestima, na autoconfiança, em atitudes assertivas,
ou seja, em tudo que torna a pessoa realmente especial e alguém que não depende
do que parece ser.
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